Entrevista 14Nov

À Conversa com Pedro Correia // Functional Performance Training


Pedro Correia nasceu no Funchal e é licenciado em Educação Física e Desporto. Em 2012, criou o seu blog com o objetivo de partilhar as suas descobertas e melhorar a vida das pessoas. O Clube Fitness esteve à conversa com o autor do blog Functional Performance Training.

Foi a paixão pelo desporto que motivou a escolha da sua profissão: Performance Specialist. Na realidade, ao longo da sua trajetória desportiva, conseguiu obter classificações de destaque na natação e em 2003 iniciou a sua carreira no golfe. No blog podes encontrar dicas de nutrição e performance.

À Conversa com Functional Performance Training           

 
Sempre praticaste desporto / exercício físico? Qual a tua relação com o desporto na infância e adolescência? Conta-nos um pouco a tua história…
Sim, sempre pratiquei desporto ou alguma forma de exercício físico ao longo da minha vida. Comecei na natação a partir dos sete anos e depois de entrar na Universidade (Madeira) fiz uma pequena incursão no pólo aquático. Ao nível escolar cheguei também a participar nos jogos escolares em várias modalidades e marcava sempre diferentes atividades desportivas com amigos nos dias livres e aos fins de semana, como por exemplo futebol, ténis, basquetebol. O desporto foi muito importante na minha formação de base e no desenvolvimento de valores para a minha vida (confiança, disciplina, respeito pelo outro, partilha, companheirismo, força, resiliência, humildade, superação, responsabilidade, honestidade, cultura física, trabalho em equipa, etc.). Não tenho dúvidas que o desporto foi um elemento essencial na minha educação.

Em 2003 concluíste a tua Licenciatura em Educação Física e Desporto. O que motivou esta escolha?
Correcto! Esta escolha teve a ver sobretudo com a paixão que eu tinha (e continuo a ter) pelo fenómeno desportivo.

O que é um Performance Specialist?
Um Performance Specialist, da forma como eu entendo, é um profissional que tem a preocupação de saber quais os diferentes aspectos que podem influenciar a performance de qualquer indivíduo ou atleta para poder ajudá-lo a melhorar cada dia e a atingir os seus objectivos. No meu caso, vou além do treino e procuro saber o historial da pessoa em causa e em reunir informações sobre o seu estilo de vida. O foco da minha intervenção é no indivíduo, não é nos exercícios.



O que é um Nutrition Coach?
Um Nutrition Coach é uma pessoa que educa as pessoas a comer bem, para que estas possam melhorar a sua saúde, a sua performance e a sua composição corporal. O filósofo inglês Herbert Spencer disse que o grande objectivo da educação não é o conhecimento mas a ação. Pela minha experiência, o que é realmente difícil para a maioria das pessoas é fazer as coisas certas de forma consistente. Hoje em dia, é um verdadeiro desafio manter as pessoas focadas nos seus objectivos porque as distrações são demasiadas e a contra-informação é enorme.

De que forma é que estas duas profissões se complementam?
Eu não consigo separar a componente do treino / exercício físico da componente alimentar. Ambas as áreas estão relacionadas, o desgaste energético a que cada pessoa está sujeita na sua vida ou nas suas actividades físicas / desportivas varia imenso, pelo que, apesar de haver regras básicas a seguir, a verdade é que será sempre preciso adequar aquilo que se consome àquilo que se gasta. Um indivíduo sedentário e doente não pode comer da mesma forma que um indivíduo activo e saudável, isto se o primeiro tiver a vontade de vir a ser saudável. Acho que o facto de conseguir interligar o conhecimento de exercício à nutrição é uma mais valia.

Quando e como nasceu o Functional Performance Training? Qual é o objetivo do blog?
O blogue nasceu em Março de 2012 na sequência da missão que estabeleci (pergunta 13) e da vontade de querer partilhar algumas coisas que fui descobrindo ao longo do meu estudo / pesquisas e que poderiam também ajudar a melhorar a vida de outras pessoas.

Consideras importante o apoio de um Especialista em Performance? Porquê?
Considero importante o apoio de qualquer pessoa que queira ajudar o outro a melhorar as suas competências. No meu caso, eu quero ensinar as pessoas / atletas a aprenderem movimentos funcionais (aqueles que precisamos nas nossas atividades diárias e no alto rendimento) e a perceberem a importância da nutrição na melhoria da performance e na prevenção de doenças, de forma a que compreendam que não é indiferente aquela situação de “comer qualquer coisa para desenrascar”. Gosto de ver as pessoas a pensar, a perceber que existe uma ligação entre o cérebro e o corpo para fazerem aquilo que estão a fazer e que esta vai muito mais além da queima de calorias. Muitas pessoas fazem movimentos mas não aprendem movimentos e é este pequeno detalhe que faz toda a diferença na forma como as pessoas “vivem” o treino. Eu acredito muito na educação, eu acho que um indivíduo educado será sempre mais consciente e estará sempre mais motivado que um indivíduo que não sabe porquê que está a fazer um determinado exercício. Tudo aquilo que faço no treino tem um propósito, uma função. A minha abordagem ao treino personalizado não se esgota na hora do treino porque tenho noção que existem outros factores que podem influenciar os resultados que as pessoas esperam obter. Eu tenho que considerar aspectos como a nutrição, o descanso e o stress a que o indivíduo está sujeito para poder fazer as devidas adaptações e para sugerir ou introduzir algumas estratégias de melhoria de saúde e performance. Eu encaro o meu trabalho com um sentido de missão e farei sempre aquilo que posso para tornar as pessoas mais saudáveis, mais felizes, mais fortes e mais resilientes.



Há quanto tempo te iniciaste como Performance Specialist? Quem te procura mais, homens ou mulheres e com que objetivos?
Há mais de cinco anos que já trabalho desta forma mas tenho vindo sempre a refinar a minha abordagem. No que diz respeito à procura, está mais ou menos equilibrada mas as mulheres, de uma forma geral, parecem estar mais sensíveis às questões relacionadas com a saúde. Já recebi pessoas com vários objectivos, os típicos de perder peso e melhorar a composição corporal e outros de melhoria da saúde, performance, aumento de força, capacidade funcional e redução de dor.

És adepto de várias modalidades. Qual gostas mais e porquê?
Na verdade gosto de muitas! Gosto de atletismo, desportos de combate, desportos de raquete (principalmente ténis), halterofilismo, powerlifting, natação, râguebi, desportos de mar, golfe, etc. Neste momento não tenho  nenhuma modalidade favorita mas o meu mais recente desafio tem sido o halterofilismo.

Praticas Fat Burn Boot Camp. Em que consiste este programa?
O Fat Burn Boot Camp foi um programa que criei em 2013 face às poucas opções de qualidade disponíveis na indústria do fitness, em que se dá mais importância às coreografias que à qualidade de movimento das pessoas. Este é um Programa de treino que tem como objectivos queimar gordura, tonificar o corpo e aumentar os níveis de força e energia, através da aprendizagem de movimentos funcionais e fundamentais para a vida (gatinhar, andar, agachar-se, levantar-se, empurrar, puxar, rodar, correr, saltar, lançar, etc.). No entanto, é preciso referir que este programa não se esgota nas sessões de treino propriamente ditas. Como a nossa missão consiste em transformar a vida das pessoas através de uma abordagem integrada de treino, saúde e nutrição, nós não podemos ignorar aquilo que elas fazem todos os dias. Desta forma, além da realização de uma avaliação inicial e mensal, as pessoas recebem um programa de treino para fazerem em casa em conjunto com as nossas recomendações nutricionais. Nós acreditamos que, através da implementação consistente de hábitos simples e precisos, todos os seres humanos têm o potencial para maximizar a sua performance em qualquer actividade da sua vida diária e para prevenir doenças. Neste momento vamos na oitava edição e já ajudamos mais de 150 pessoas a melhorar as suas vidas.


 
Sabemos que em junho participaste no teu primeiro torneio de iniciação de Halterofilismo. Quais as dificuldades que encontras nesta modalidade?
Sim, foi uma boa experiência. Os movimentos do Halterofilismo são bastante complexos e é preciso muita prática para poder chegar a um bom nível. No meu caso, as minhas maiores dificuldades residem em superar o medo de ir para debaixo da barra (talvez também por uma lesão antiga que tive no joelho a jogar futebol), em melhorar algumas restrições de mobilidade nos ombros e pulsos e, obviamente, em refinar a técnica tanto no snatch como no clean & jerk.

No teu percurso profissional tiveste a oportunidade de treinar e estudar em ginásios dos EUA e Barcelona. Conta-nos um pouco mais sobre o teu percurso internacional.
Essa fase da minha vida foi bastante importante para estabelecer a minha missão e para querer aprender mais. Durante essa fase, no âmbito do meu trabalho de desenvolvimento de um Centro de Alto Rendimento em Barcelona, tive a oportunidade de conhecer excelentes pessoas e profissionais que já acompanhava e que só conhecia através das suas publicações, como o Michael Boyle (Mike Boyle Strength & Conditioning), o Mark Verstegen (EXOS), o Greg Rose (Titleist Performance Institute), o Alwyn Cosgrove (Results Fitness), entre muitos outros. Antes de ter ido para Barcelona abraçar este projecto, trabalhei cerca de um ano e meio em Madrid como Coordenador da Escola Nacional Joaquín Blume na Federação Espanhola de Golfe. Apesar de ter mantido sempre um grande interesse pelos temas relacionados com o treino e com a alimentação, foi a partir de 2009, numa formação que fiz em Madrid, que decidi aprofundar o meu estudo por estas áreas e que percebi que o meu futuro só poderia passar pela área do treino e não tanto pela área da gestão. A nutrição veio logo a seguir. Comprei muitos livros, fiz várias formações, assisti a conferências / seminários e fui a todos os eventos que me despertavam interesse, ou seja, fiz um investimento bastante grande na minha formação com a finalidade de garantir que tinha as ferramentas adequadas para poder desenvolver um trabalho especial. Esse foi sempre o meu objectivo.

Tu afirmas que a tua missão é “ajudar todas as pessoas que querem melhorar a sua performance no desporto e em qualquer atividade da sua vida, sempre sob uma perspetiva holística que inclui Movimento, Nutrição, Mentalidade e Regeneração”. Em que medida é importante trabalhar estas quatro áreas ao mesmo tempo?
É importante para optimizar a performance. Precisamos ser conscientes que não será apenas a hora do treino que vai fazer a diferença na vida das pessoas, temos que olhar para aquilo que elas fazem nas restantes 23 horas do dia e nos sete dias da semana. Por este motivo, temos que conhecer os seus hábitos, o que come, como pensa, aquilo que descansa e como dorme. Temos que saber a que nível de stress estão sujeitas. Os meus programas de treino podem ser muito bons mas se o meu cliente ou atleta não está a ter resultados, o problema pode não ser do programa de treino. Por este motivo, é preciso saber um pouco mais sobre a própria pessoa e sobre o seu estilo de vida para podermos identificar os factores que estão a limitar os seus resultados. Ao identificar esses factores e ao explicar a repercussão que os mesmos podem ter nos seus resultados, poderemos aumentar as probabilidades de sucesso. Ou seja, não basta perceber de exercício apenas, o estado do nosso corpo / metabolismo depende também de outros factores (nutrição, sono, stress crónico, tabagismo, álcool). Temos que olhar para o indivíduo como um todo. Como nos disse Mark Twain, quando o único instrumento que temos é um martelo, todos os problemas que aparecem tratamos como pregos!

Quais os cuidados que tens com a tua alimentação? Tens alimentos proibidos?
Já tenho a preocupação de comer de forma saudável há algum tempo mas tornei-me mais consciente do impacto que os alimentos podem ter na nossa saúde e performance quando comecei a estudar mais a fundo estas questões. A minha preocupação com a área da saúde acentuou-se quando tive que lutar contra um cancro (linfoma de hodgkin), naquela que eu considero a batalha mais difícil que tive que enfrentar até ao momento. É fundamental que as pessoas percebam que aquela situação que referi de “comer qualquer coisa para desenrascar” não é nada indiferente! As deficiências crónicas de nutrientes a nível celular causam desequilíbrios bioquímicos e estes podem ser a causa de muitos desequilíbrios / doenças. Para mim não existem alimentos proibidos, apesar de não comer trigo, muitos cereais e a maior parte dos lacticínios. A única excepção que posso fazer em relação ao primeiro é quando vou à Madeira e confronto-me com o bolo do caco. Em relação ao açúcar, já há muito tempo que não adiciono açúcar nos alimentos, contudo tenho noção que não será prejudicial se o consumir de vez em quando numa festa ou numa ocasião especial.


 
Se quisermos os teus serviços como Performance Specialist, como podemos contactar-te?
As pessoas poderão contactar-me através do meu website, blog, facebook mas, provavelmente, o melhor será que o façam através da The Strength Clinic em Alcântara (Lisboa). Este é um conceito inovador de ginásio / clínica que iniciei recentemente em conjunto com o meu irmão (Nuno Correia), no qual pretendemos oferecer uma solução holística, integrada e funcional de longevidade com base no treino físico, na nutrição e no estilo de vida. Os interessados poderão consultar todas as informações sobre o nosso conceito e sobre os nossos serviços no seguinte site http://thestrengthclinic.training.



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