Entrevista 10Out

À conversa com Joana Silva // Just Natural Please Just Granola Shop


Tem 31 anos e estudou Ciências Farmacêuticas. Tornou-se investigadora e chegou a trabalhar nos Estados Unidos. Mas um dia Joana Silva decidiu mudar a sua vida por completo. Hoje é vegana e sente-se livre e feliz. Seguiu a sua paixão e faz algo em que acredita. O Clube Fitness esteve à conversa com Just Natural Please e Just Granola Shop.

Joana começou a escrever o blog Just Natural Please, quando decidiu adotar um estilo de vida mais simples e calmo. Em agosto de 2013 tornou-se vegana e sentiu a necessidade de partilhar com o mundo a sua paixão por esta dieta. Em 2015 nasceu a Just Granola Shop.
 

À conversa com Just Natural Please / Just Granola Shop


Quando e como nasceu o projeto Just Granola Shop?
A Just Granola Shop nasceu em Novembro de 2015 e resultou da minha grande vontade de chegar às pessoas através da alimentação saudável, natural e 100 % vegetal. Primeiro criei o blog Just Natural Please para partilha de receitas e infomação e depois veio a granola.
 
Porque se focaram na granola?
A granola foi o nosso primeiro produto e focámo-nos nela por uma necessidade pessoal. Tinha muita dificuldade em encontrar no mercado granolas que fossem do meu agrado: 100 % vegetais, sem açúcar adicionado, de agricultura biológica. Por isso fazia muitas vezes a minha própria granola em casa. E assim surgiu a ideia de partilhar este produto com as pessoas.
Entretanto, a Just Granola Shop cresceu e passámos a ter também barritas energéticas e os próprios ingredientes utilizados na produção da granola (aveia, sementes, cacau puro, côco, etc.), tudo proveniente de agricultura biológica.



Qual a diferença entre optar pela vossa granola e a granola de um supermercado convencional?
A nossa granola é preparada em pequenos lotes de forma artesanal, apenas com ingredientes naturais provenientes de agricultura biológica e é 100 % vegetal. Não tem açúcar adicionado nem qualquer conservante ou aditivo. É rica em fibra e ómegas 3 e 6. Todas estas características são muito difíceis de encontrar numa granola de supermercado. Além disso, a nossa granola pode ser personalizada pelo cliente na nossa loja online, ou seja, o cliente pode escolher a base, os frutos e sementes que deseja assim como o aroma e pode ainda personalizar o rótulo com uma frase, mensagem ou nome.
 
Uma vez que a granola é uma excelente forma de começar o dia… Quais os princípios para um pequeno almoço saudável?
Na minha opinião um pequeno almoço saudável é aquele que contém alimentos naturais integrais não processados e que nos faça sentir bem, energizados e hidratados. Não existe um pequeno almoço ideal igual para toda a gente e cada um de nós deverá aprender a ouvir o nosso corpo e a escolher o que lhe faz sentir melhor. No meu caso, o meu pequeno almoço ideal é muita fruta, à qual adiciono por vezes granola ou frutos secos pois é o que me faz sentir com muita energia, hidratada, leve e pronta para o dia. 
 
A par do “Just Granola Shop”, a Joana criou um blogue: Just Natural Please. De onde surgiu a “necessidade” de criar esse espaço?
O Just Natural Please nasceu pela minha grande vontade de partilhar as minhas aventuras pelo mundo da alimentação vegana e natural. Ao sentir a grande melhoria que a alimentação vegana causou na minha qualidade de vida, não só a nível físico mas também emocional, tinha muita vontade de partilhar a minha experiência e de ajudar outras pessoas a melhorar as suas vidas também.


 
O que partilhas no blogue?
No blogue partilho essencialmente receitas criadas por mim que são 100 % vegetais, feitas com ingredientes naturais integrais não processados, maioritariamente sem açúcar, sem glúten e sem soja. Para além das receitas partilho também alguma informação sobre nutrição, saúde, exercício físico e outras dicas para uma vida mais natural.
 
O que é ser “be whole, be healthy, be Just Natural”?
Esse foi o slogan que criei para o blogue e que define um pouco a minha filosofia de vida. Está em inglés pois, tal como todo o blogue, escrevo em português e em inglês. “Be whole” talvez se possa traduzir para “Sê integro”, não só na alimentação (os alimentos integrais não processados são os mais benéficos para nós) mas também na nossa atitude. A sociedade de hoje vive um pouco “hipnotizada” e toma muitas atitudes incoerentes, um pouco levada por tradições e convenções culturais e pelo consumismo e capitalismo. Acho que é importante pararmos um pouco para refletir antes de agir e tentar perceber se as nossas ações resultam da nossa verdadeira vontade e necessidade ou se são meras convenções sociais.
“Be healthy” ou seja “sê saudável” porque acredito que a nossa saúde deve ser a nossa prioridade. E não quero com isto dizer que devemos todos viver obcecados com saúde e doenças. Mas acho que a saúde deveria passar para o patamar das nossas prioridades. Um dia ouvi uma frase que penso que faz todo o sentido: “Se nos roubam dinheiro da conta bancária vamos logo ver o que se passa mas se nos roubam saúde ninguém quer saber…”.
Be Just Natural” porque acredito que a natureza oferece-nos tudo o que precisamos para viver uma vida em pleno e geralmente o que não foi preparado pela natureza prejudica-nos.


 
No blogue dizes que adotaste um estilo de vida “mais simples e calmo”. Podes falar-nos um pouco sobre esse estilo de vida…
Eu sou farmacêutica de formação e tenho um doutoramento em Tecnologia Farmacêutica. Depois de terminar o meu doutoramento estive alguns meses nos EUA a fazer investigação em engenharia biomédica. Depois de descobrir o veganismo e sentir as mudanças positivas que este causou em mim e de conhecer os testemunhos de muita gente que conseguiu reverter problemas de saúde graves ao mudar a sua alimentação para um regime vegano, a área da farmácia e da investigação laboratorial começou a perder o encanto e comecei a interessar-me cada vez mais por veganismo, alimentação e nutrição natural. Então decidi mudar de vida. Deixei o meu emprego (na altura nos EUA), regressei a Portugal e criei o blog Just Natural Please e mais tarde a Just Granola Shop. Para além da área farmacêutica ter perdido o encanto para mim, o estilo de vida em que a maioria das pessoas vive (e que eu vivia) de muitas horas de trabalho por dia, chegar a casa e não “desligar”, passar muito tempo no trânsito, etc., passou a ser algo que simplesmente não queria para mim.
Parece-me que a sociedade nos empurra sistematicamente para um ciclo vicioso em que adquirimos bens materiais para preencher o vazio de não termos tempo livre suficiente para nós e para as nossas famílias e depois temos de trabalhar muito para poder pagar esses bens materiais e podermos comprar mais. Para mim, e nesta fase da minha vida, eu prefiro viver uma vida mais simples mas com mais tempo para os que me rodeiam, mesmo que isso implique ter menos dinheiro para bens materiais.
 
Assumes que tens uma paixão pela “dieta vegana”. O que te desperta tanto interesse nessa dieta? 
É a simplicidade de comer aquilo que a natureza nos preparou e fazê-lo com a confiança de que é o mais benéfico para nós. É poder comer em abundância, sem contar calorias, sem restrições constantes. É sentir uma intensa energia e vontade de viver depois de cada refeição em vez do típico sentimento de culpa e de enfartamento. É sentir um imenso prazer em comer, sentir a complexidade de cada ingrediente pois o paladar deixou de estar atordoado com todos os aditivos. É saber que esta é a forma de nos alimentarmos que causa menor impacto ecológico e que nos permite viver em harmonia com as outras espécies animais e com a natureza. 
 
O que é ser vegana? E o que te fez tornar vegana?
Ser vegana vai para além da alimentação que se pratica, é um estilo de vida. Neste estilo de vida procuramos viver em harmonia com todas as outras espécies animais (os seres sencientes) e com a natureza. Uma vez que conseguimos não só sobreviver mas viver com melhor qualidade de vida e preservar o ambiente ao não explorarmos as outras espécies animais, este é um estilo de vida que faz todo o sentido para mim. Em termos práticos, isto significa que não consumo produtos de origem animal no meu dia-a-dia (alimentação, vestuário, etc.), tento fazer escolhas ecológicas e tento espalhar a mensagem do veganismo mostrando o meu exemplo (aquilo a que costumo chamar de “ativismo passivo”). Obviamente não somos perfeitos e há um mínimo de vida em sociedade que temos de preservar e haverá sempre alguma pegada ecológica resultante da nossa existência.

  
Como foi cortar o glúten da tua dieta?
A minha mudança de alimentação começou com uma suspeita de intolerância ao glúten. Também tinhas outros problemas de saúde (tensão e colesterol elevados, enxaquecas frequentes, ansiedade) mas nunca pensei que a alimentação pudesse ser a causa pois eu pensava que comia de forma saudável (fazia uma alimentação tipicamente mediterrânea, rica em peixe e produtos lácteos magros e evitava os fritos e comida muito gordurosa). Quando decidi cortar o glúten fui obrigada a começar a ler os rótulos de tudo o que comprava e acho que foi isso que fez o “click” na minha cabeça. Comecei a aperceber-me da quantidade de coisas indesejadas que são adicionadas aos nossos alimentos, mesmo aqueles que tomamos por saudáveis e seguros. Comecei então a procurar receitas mais naturais e a interessar-me cada vez mais por alimentação saudável e natural e foi aí que tropecei no veganismo.

Além de vegana, és (mais ou menos) crudívora. Porquê?
A alimentação vegana crudívora é uma alimentação baseada em frutas e vegetais crus, e algumas sementes e oleaginosas. O fundamento para este tipo de alimentação está no facto dos alimentos crus terem uma densidade nutricional superior, ou seja, é possível obter uma maior quantidade de micronutrientes associado a um menor “custo” calórico, não só porque as frutas e os vegetais são naturalmente os alimentos mais densos em micronutrientes, mas também porque, ao não serem cozinhados, não há destruição desses micronutrientes e há um maior aproveitamento dos mesmos pelo nosso organismo. Na prática, existem algumas exceções a esta teoria pois existem nutrientes que ficam mais biodisponíveis se os alimentos forem cozinhados. Se pensarmos nos nossos antepassados e na forma como o nosso organismo evoluiu, acredito que passaríamos grande parte do dia a comer frutas e vegetais crus, pois seria a forma mais fácil de obter energia. À noite provavelmente faríamos uma fogueira e aí então cozinharíamos os alimentos. Por isso acredito que esta será a forma de nos alimentarmos com qual evoluímos e à qual o nosso organismo está adaptado, embora cada um deva adaptar a alimentação ao que o faz sentir melhor pois somos todos diferentes.
Depois de alguns meses 100 % crudívora decidi voltar a incorporar alguns alimentos cozinhados, sobretudo ao jantar, pois não fazia sentido para mim deixar de fora alguns alimentos que só conseguimos digerir se forem cozinhados, como as leguminosas, os cereais e alguns vegetais mais fibrosos.



Para além de todos os cuidados com a alimentação, praticas exercício físico com regularidade? Quais as tuas modalidades favoritas?
Sim, pratico exercício físico e acredito que é algo fundamental para viver de forma saudável. Os nossos antepassados passariam grande parte do seu dia em movimento, em busca de comida, de abrigo ou a fugir de predadores. Essa necessidade e liberdade de movimento foi algo que fomos perdendo com o estilo de vida em que nos inserimos hoje. Por isso, temos de compensar com a prática de exercício. A minha modalidade preferida é a corrida. Comecei a correr há cerca de 5 anos e é quase como uma terapia diária, é um momento só para mim. Para além da corrida também faço exercícios de reforço muscular em casa, que servem de complemento à corrida, e pratico zumba porque é divertido e proporciona-me convívio com mulheres de todas as idades.








 



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