Entrevista 31Out

À Conversa com Bearded Runner // Do Fundo do Sofá ao Topo da Montanha


Bearded Runner é um blog dedicado a uma paixão: a corrida. Aqui, correr em maratonas e trilhos é um prazer e não uma obrigação. O Clube Fitness esteve à conversa com Bearded Runner, do blog Do Fundo do Sofá ao Topo da Montanha.
 
Bearded Runner nunca fui uma pessoa de praticar muito desporto. Apenas o "normal"! Aulas de educação física e jogar à bola com os amigos. No entanto, em 2010 começou a correr, por consequência de um trabalho sedentário e uma barriga indesejada. E foi amor à primeira vista! Ou como o blogger diz: casamento para a vida!
 
Em 2014 criou o blog Do Fundo do Sofá ao Topo da Montanha, onde partilha as suas experiências com outras pessoas que sentem a mesma paixão.


À Conversa com Bearded Runner


Primeiro, queremos saber quem é o Bearded Runner? Fala-nos de ti!
O Bearded Runner é um jovem rapaz de 32 anos, que veio do Alentejo para Lisboa em 2008, e que se perdeu de amores por esta cidade. Sou licenciado em Marketing, Publicidade e Relações Públicas, mas actualmente decidi aceitar o desafio que é trabalhar no ramo imobiliário. Tenho três grandes paixões: a minha namorada, o meu cão e a minha barba.
 
Como o nome indica (Bearded Runner) és um apaixonado por corridas…  Quando e como surgiu essa paixão?
A paixão surgiu após algum tempo de começar a correr. Não foi amor à primeira corrida, mas acredito que seja um casamento para a vida. Comecei a correr em 2010 quando, devido a um trabalho sedentário, a barriga já estava maior que o que devia. Depois, após alguns meses a correr, decidi participar na minha primeira prova oficial e foi aí que a paixão apareceu. Ver aquela gente toda preparada para fazer o mesmo, a alegria no ar, a adrenalina de tentar ultrapassar uns e não ser ultrapassado por outros, o cortar a meta, despertou em mim algo de inesperado. Desde esse dia, não mais parei.
 
O que mais te fascina na corrida?
O que me fascina na corrida é, em primeiro lugar, a superação que podemos impor a nós próprios. Considero-me um corredor amador, que faço este desporto apenas pelo prazer que este me traz, e por isso, corro apenas contra mim próprio, mesmo que rodeado por dezenas ou milhares de outras pessoas. Fascina-me o poder que a corrida tem de unir as pessoas e de criar amizades. Por último, fascina-me ainda o facto de a corrida ser um catalisador que nos leva a conhecer o nosso país e ir além-fronteiras. Muito do que conheço de Portugal foi através das provas em que participei.



Corres todos os dias? E onde mais gostas de correr?
Em agosto deste ano (2016) corri todos os dias, consequência de um desafio a que me propus, fazendo 400.6kms. De resto, tento correr 3 a 4 vezes por semana, e numa semana melhor correr 5. A ideia de correr todos os dias pode soar muito bem, mas na prática seria contraproducente. O corpo também precisa de descansar, e há que respeitar isso. Tenho dois sítios favoritos na zona de Lisboa: Monsanto e Parque das Nações. O primeiro porque é o único sítio onde se tem uma grande variedade de trilhos e que me permite treinar para as provas; o segundo porque é o melhor sítio para correr à beira Tejo, em grandes zonas verdes e onde há sempre muita gente a fazer exercício.
 
Quando completaste a tua primeira maratona? E como te preparaste para ela?
A minha primeira maratona foi no dia 5 de outubro de 2014, em Lisboa, mais de 4 anos depois de começar a correr. A preparação foi um pouco autodidata. Li umas coisas por ali, outras por aqui, fui falando com malta que já tinha corrido a distância, arranjei um plano de treinos qualquer de um site e fui tentando cumpri-lo. Não o cumpri e a única coisa que bateu certo foi o que todos me disseram: a maratona não faz prisioneiros, ou a vences ou és vencido. Apesar de uma má preparação, consegui superá-la em 3 horas e 58 minutos.
 
Depois de te iniciares nas corridas de estrada e completares 2 maratonas, aceitaste um novo desafio… O que fez começar a correr nos trilhos?
Apesar de a minha estreia nos trilhos ter sido entre a maratona de Lisboa (outubro 2014) e a maratona do Porto (novembro 2014), só depois da segunda maratona é que entrei verdadeiramente nos trilhos. A verdade é que depois de se correr uma maratona – seja em que tempo for -, ficamos com poucos desafios em termos de distâncias e começamos a “lutar” só por sermos mais rápidos. Mas eu queria algo mais que ser só rápido (até porque não o sou) e queria poder correr distâncias acima dos 42kms. Os trilhos eram a opção a seguir. A juntar a isto, o facto de ter muitos amigos a correrem nos trilhos, ajudou na decisão. E a verdade é que, 5 meses depois, fiz o meu primeiro ultra trail de 53 kms: o Inatel Piódão Ultra Trail.



Qual foi a prova mais difícil em que já participaste até hoje? E porquê?
A minha primeira maratona. Foi a primeira prova onde chorei… duas vezes! A primeira quando embati com toda a força no ‘muro’ por volta do km 36 e pensei que não ia conseguir acabar a corrida; a segunda vez quando cruzei a meta
 
Tens alguma prova que gostasses de fazer e que será um dos teus maiores desafios?
Há muitas provas que gostava de fazer e que seria todas um enorme desafio. Apesar de pensar nas grandes como a Maratona das Areias ou a Badwater, ainda são cartas de baralhos com que não jogo, mas há algumas que são possibilidades. Quero voltar à Madeira e terminar o MIUT (115kms), quero voltar à Serra da Estrela e fazer um ‘upgrade’, participando nas 100 milhas do OMD (160kms), quero correr pela primeira vez o PT281 (281kms), quero ser finisher do circuito de ultra endurance em Portugal e, claro, como todos os que correm em trilhos, ir ao UTMB e vencer os Alpes.
 
Podes indicar 5 dicas para alguém começar a correr em trilhos?
A primeira, mais importante e que até podia ser a única é: corram porque querem e não porque os vossos amigos o fazem. Não gostar de correr é tão normal como não gostar de brócolos. Nem todos gostam e ninguém tem de se sentir mal por isso. Porque se forem correr só porque os vossos amigos vão, sem o quererem realmente, facilmente se vão fartar e não retirar nenhum prazer da corrida. Outra dica é que procurem saber, junto dos vossos médicos, se estão em condições para a prática de uma atividade exigente como é o trail running. A terceira dica é que tenham o equipamento necessário para os treinos e para as provas. A montanha, por mais pequena que seja, é um ser impiedoso, e basta o mínimo descuido para a diversão se transformar em tragédia. Num pequeno treino de 32kms pela Serra de Sintra, apanhei sol abrasador, chuva, vento, nevoeiro, muita humidade, tudo num espaço temporal de 5horas. A quarta dica é que comecem a correr nos trilhos junto de um dos vários grupos de corrida que existem. Correr na estrada é fácil, mas na montanha a facilidade está em perdermo-nos. Ainda me lembro quando fui sozinho para Monsanto, depois de só lá ter estado uma vez com um amigo, me ter perdido e nem ter luz para iluminar o caminho, tendo que utilizar a lanterna do telemóvel (ler de novo a dica 3). A quinta dica é novamente a dica 1: corram por prazer e não por obrigação.



É mais fácil ou difícil correr em estrada ou trilhos? Porquê?
Ambas são fáceis e difíceis, só depende daquilo a que te propões. Correr em estrada pode ser difícil se quiseres fazer 10kms em 35minutos, 21kms em 1h15m ou uma maratona em menos de 3horas. De resto, se correres só para terminar a prova, é relativamente fácil correr em estrada. O mesmo para os trilhos. Se fores a uma prova e só quiseres terminar antes do tempo limite, pode não ser um grande desafio e fácil de superar. Mas se, por outro lado, decides que queres terminar a prova em x tempo, independentemente daquilo que te aparecer à frente, a prova pode tomar toda uma nova dificuldade. Claro que, tanto em estrada como em trilhos, uma dedicação e devoção adequada aos treinos ajuda a minimizar o esforço e o sofrimento, aumentando as probabilidades de alcançar a Glória. (Foi uma bonita referência ao Sporting, não foi?!)
 
Em novembro de 2014, criaste o teu blogue “Do Fundo do sofá ao topo da montanha”… Quando e como decidiste passar para a blogosfera?
O mundo da blogosfera não me era de todo alheio. Já tinha tido outros dois blogs, mas não dedicados à corrida. Este surgiu quando comecei a correr nos trilhos e quis, de alguma forma, poder partilhar as minhas experiências com outras pessoas que sentem a mesma paixão.
 
A escolha do nome do blogue, como aconteceu?
Nunca fui uma pessoa de praticar muito desporto, para além daquele das aulas de educação física e jogar à bola com os amigos. Até que descobri a corrida e me tornei uma pessoa mais ativa. Quando comecei nos trilhos, subi montanhas e cheguei ao seu topo. O nome serve para mostrar esse percurso.
 
O que podemos encontrar no teu blogue?
Acima de tudo, os relatos das provas que faço. Embora neste momento esteja um pouco desactualizado, a página do facebook Bearded Runner é onde estou mais ativo e vou mostrando os meus treinos, as minhas provas e dando opiniões sobre vários assuntos do ‘mundo do running’. Apesar de tudo, tenho várias ideias que quero pôr brevemente a funcionar no blog. Haja tempo para isso!



PUB
Quer um cabaz de 200€?
1